sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Recomendações para quem cuida do doente de Alzheimer


Se tem um doente de Alzheimer a seu cargo,

 estas orientações podem facilitar a sua vida e a do doente:

 

1.Vaguear, deambular e andar sem rumo é um perigo. O que fazer para o minimizar?




       Andar sem saber para onde e com que objectivo é característico dos doentes de Alzheimer, a partir de uma determinada fase. E é um perigo enorme.
Eis algumas sugestões para minimizar esse perigo:

  • O doente deve trazer sempre algo que o identifique, por exemplo, uma pulseira com o nome, morada e telefone;
  • Previna os vizinhos e comerciantes próximos do estado do doente. Estes podem ajudá-lo em qualquer momento caso se perca e peça informações;
  • Em casa, feche as portas de saída para a rua, para evitar que o doente vá para o exterior sem que dê por isso;
  • Tenha uma fotografia actualizada do doente, para o caso deste se perder e precisar de pedir informações;
  • Se o doente quiser sair de casa, não deve impedi-lo de o fazer. É preferível acompanhá-lo ou vigiá-lo à distância e, depois, distraí-lo e convencê-lo a voltar a casa;
  • Pode ser necessário pedir aconselhamento ao médico assistente. 

2. O que fazer quando o doente persiste em conduzir?      


Esteja preparado. No período inicial o doente vai tentar conduzir e, provavelmente, entrar em todos os carros de cor parecida com o dele.

  • Fale calmamente com o doente, lembrando-lhe que pode surgir algo de inesperado e que os seus reflexos talvez não ajudem. Sublinhe que o doente se sentiria muito infeliz se fosse culpado de um acidente;
  • Se não resultar, não deixe as chaves do carro num local acessível e que escape ao seu controlo. Esconda as chaves do carro (perderam-se) ou simule uma avaria;
  • Tente convencer a pessoa a utilizar os transportes públicos.
 


3. Como ajudar a manter a higiene do doente?




É normal o doente deixar de reconhecer a necessidade de tomar banho, de lavar os dentes, etc. Em suma, recusar cuidar da sua higiene pessoal e da sua higiene oral.
  • Não faça disso um “bicho de sete cabeças”. Se for possível, aguarde um pouco, pode ser que mude de disposição;
  • Simplifique a tarefa: tenha sempre em ordem e à mão as coisas que são necessárias, como sabão, sabonete ou espuma, toalhas, etc.;
  • Se o banho é de imersão, verifique a temperatura da água;
  • Instale pegas e tapetes que evitem escorregar dentro e fora da banheira. Há bancos e cadeiras adaptáveis à banheira, assim como outros dispositivos de apoio e ajuda que podem ser muito úteis;
  • Se o doente preferir tomar duche, deixe-o. O melhor é procurar manter a rotina a que a pessoa estava habituada;
  • Se o doente recusar mesmo tomar banho, então tente a lavagem parcial;
  • Aplique, se possível, cremes ou pomadas adequadas para evitar escaras.   


4. Como ajudar o doente a vestir-se?      


A certa altura o doente vai ficar embaraçado sobre o que vestir ou, eventualmente, recusar-se a vestir.
Para o ajudar:



  • Simplifique o mais possível a roupa a usar:



  • Evite laços, botões, fechos de correr (substitua-os por velcro), sapatos com atacadores, etc.;







    • Prepare as peças de roupa pela ordem que devem ser vestidas;

    • Procure que a pessoa se conserve bem vestida e elogie o seu bom aspecto;
    • Enquanto o doente tiver autonomia, deixe-o actuar conforme ainda pode.  



    5. Como ajudar o doente a alimentar-se?


    • Sente o doente com o tronco bem direito e a cabeça firme;
    • Se necessário, ponha-lhe um grande guardanapo só para comer;
    • Não tagarele com o doente durante a refeição;
    • Aguarde que a boca esteja vazia para fazer alguma pergunta;
    • Dê-lhe tempo para comer tranquilamente e não o contrarie se ele quiser comer à mão;
    • Dê-lhe bocados pequenos de alimentos sólidos; por vezes, o doente poderá preferir alimentos passados ou batidos;
    • Faça-o mastigar bem e assegure-se de que a boca permanece fechada durante a mastigação e a deglutição. Verifique se há restos de alimentos na boca;
    • Pouse-lhe a chávena ou o copo, depois de cada gole, fazendo uma pausa. Note que dar-lhe de beber é muitas vezes difícil;
    • Deixe-o deglutir uma segunda vez, se alguns alimentos ainda estiverem na boca;
    • Lave-lhe cuidadosamente a boca depois de cada refeição para evitar que restos de alimentos passem para os pulmões. Com uma gaze húmida, limpe-lhe o interior das faces. Use uma pasta dentífrica infantil;
    • Deixe o doente sentado durante 20 minutos após a refeição.


    6. O que fazer quando o doente se mostra agressivo?      

    Em certas fases da doença é normal que o doente se torne agressivo. Sente-se incapaz de realizar tarefas simples (vestir-se, lavar-se, alimentar-se), reconhece que está a perder a independência, a autonomia e a privacidade, o que é muito frustrante.
    A agressividade pode manifestar-se de diversas formas, tais como ameaças verbais, destruição de objectos que estejam próximos ou mesmo violência física.
    Como deve reagir:

    • Se possível, procure compreender o que originou a reacção agressiva. Não deve partir do princípio que o doente o quer agredir ou ofender pessoalmente;
    • Evite discutir, ralhar ou fazer qualquer coisa que se assemelhe a um castigo. Não force contactos físicos e deixe-lhe bastante espaço livre;
    • Procure manter-se calmo, não manifeste ansiedade, medo ou susto. Fale calma e tranquilamente e procure desviar a atenção do doente para qualquer outra coisa.
           Não tente lidar com tudo sozinho. Pode deprimir-se ou esgotar-se. Procure ajuda e aconselhamento médico se não conseguir lidar com a situação.




    Para saber mais, visite:

    Associação Portuguesa de Alzheimer


       



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