terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O descobridor da Doença de Alzheimer



      Em novembro de 1906, num congresso de psiquiatria realizado na cidade alemã de Tubingen, o neuropatologista Alois Alzheimer (1864-1915) proferiu uma palestra que entraria para a história da medicina. 

       Sob o título "Uma enfermidade específica do córtex cerebral", ele descreveu o quadro da senhora Auguste D. Aos 51 anos, em 1901, depois de ter em público um ataque feroz de ciúme do marido, ela foi internada com problemas de comportamento no Hospital Municipal de Lunáticos e Epiléticos, em Frankfurt, onde Alzheimer trabalhava. 
      O local era um sanatório famoso por tratar de usuários de drogas mediante terapias humanizadas, como banhos terapêuticos e psicoterapia. Não havia explicação para a mudança tão brusca de comportamento de Auguste. 
       Ela sempre se mostrara recatada e saudável em seus hábitos. O único dado destoante era que, seis meses antes, Auguste começara a ter lapsos de memória e apresentar dificuldade para se expressar. 

      Esses déficits cognitivos se agravaram até sua morte, cinco anos mais tarde. Durante a necrópsia da paciente, Alzheimer analisou amostras do tecido cerebral dela. Foi então que ele observou o acúmulo de uma "substância incomum" no córtex cerebral. 

A tal substância, mais tarde se descobriria, era a proteína beta-amiloide. Ele descreveu seu achado da seguinte forma: 

"Uma patologia neurológica de causa desconhecida  que envolve déficit de memória,  alterações de comportamento e incapacidade para as atividades rotineiras". 

 

       O distúrbio ganhou o sobrenome do neuropatologista em 1910, quando o psiquiatra Emil Kraepelin (1856-1926), também alemão, descreveu a descoberta de Alzheimer em seu Manual da Psiquiatria, uma das principais referências médicas no século passado. 
      Até então, todos os lapsos de memória eram atribuídos sobretudo à senilidade ou ao uso de substâncias entorpecentes. 
      Por muito tempo, não foi dada a devida importância ao achado de Alzheimer. Não por desleixo, mas por uma questão demográfica. Como até a II Guerra Mundial a expectativa devida na Europa e nos Estados Unidos mal chegava aos 60 anos, a doença descrita por ele era rara.

   http://www.alzheimermed.com.br/m3.asp?cod_pagina=1035
   http://www.alzheimermed.com.br/m3.asp?cod_pagina=1040
   http://www.alzheimermed.com.br/m3.asp?cod_pagina=1073

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Teorias que explicam o mecanismo fisiopatológico da doença de Alzheimer

Existem actualmente 3 hipóteses que tentam explicar o mecanismo fisiopatológico inerente à doença de Alzheimer.

 Hipótese colinérgica


A hipótese colinérgica foi a primeira hipótese a ser formulada na descrição dos mecanismos fisiopatológicos do Alzheimer. Esta sugere que a doença de Alzheimer se desenvolve como consequência da deficiente produção de acetilcolina no organismo. A maioria das terapêuticas farmacológicas actualmente existentes baseia-se neste pressuposto. No entanto, estas terapêuticas apenas melhoram os sintomas, não revertendo o estado patológico. Em virtude destes resultados, esta hipótese foi considerada incompleta.


Hipótese amilóide
Esta hipótese foi formulada em virtude de estudos publicados referirem que o gene do proteína percursora da proteína β-amilóide, APP (associada ao crescimento e desenvolvimento neuronal), está localizado no cromossoma 21. Os pacientes com trissomia 21 (síndrome de Down) possuem uma cópia extra deste gene, exibindo normalmente uma desordem semelhante à doença de Alzheimer por volta dos 40 anos de idade.











Hipótese da proteína tau

Esta hipótese defende que as alterações registadas nesta proteína, e consequente formação de neurofilamentos (NFT), são responsáveis pela indução do mecanismo da doença de Alzheimer. Esta teoria é suportada por determinados estudos, os quais concluíram que as placas amilóides não estão directamente implicadas com a perda neuronal. No entanto, a maioria dos investigadores apoia a hipótese amilóide como sendo a principal causa da patologia.

https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/412/1/36-43_FCS_04-2.pdf
Wilson, J. et al - Harrison’s Principles of Internal Medicine – McGraw-Hill, International edition, 16th edition, (2004);

Rang, H.; Dale, M.; Ritter, J.; Moore, P. – Farmacologia – Tradução da 5ª Edição Americana, Elsevier, (2003);

 Garret, J., Osswald, W., Guimarães, S. – Terapêutica Medicamentosa e suas Bases Farmacológicos – Manual de Farmacologia e Farmacoterapia;

 Osswald, W. et al - Prontuário Terapêutico – Infarmed, Ministério da Saúde (2006);

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Recomendações para quem cuida do doente de Alzheimer


Se tem um doente de Alzheimer a seu cargo,

 estas orientações podem facilitar a sua vida e a do doente:

 

1.Vaguear, deambular e andar sem rumo é um perigo. O que fazer para o minimizar?




       Andar sem saber para onde e com que objectivo é característico dos doentes de Alzheimer, a partir de uma determinada fase. E é um perigo enorme.
Eis algumas sugestões para minimizar esse perigo:

  • O doente deve trazer sempre algo que o identifique, por exemplo, uma pulseira com o nome, morada e telefone;
  • Previna os vizinhos e comerciantes próximos do estado do doente. Estes podem ajudá-lo em qualquer momento caso se perca e peça informações;
  • Em casa, feche as portas de saída para a rua, para evitar que o doente vá para o exterior sem que dê por isso;
  • Tenha uma fotografia actualizada do doente, para o caso deste se perder e precisar de pedir informações;
  • Se o doente quiser sair de casa, não deve impedi-lo de o fazer. É preferível acompanhá-lo ou vigiá-lo à distância e, depois, distraí-lo e convencê-lo a voltar a casa;
  • Pode ser necessário pedir aconselhamento ao médico assistente. 

2. O que fazer quando o doente persiste em conduzir?      


Esteja preparado. No período inicial o doente vai tentar conduzir e, provavelmente, entrar em todos os carros de cor parecida com o dele.

  • Fale calmamente com o doente, lembrando-lhe que pode surgir algo de inesperado e que os seus reflexos talvez não ajudem. Sublinhe que o doente se sentiria muito infeliz se fosse culpado de um acidente;
  • Se não resultar, não deixe as chaves do carro num local acessível e que escape ao seu controlo. Esconda as chaves do carro (perderam-se) ou simule uma avaria;
  • Tente convencer a pessoa a utilizar os transportes públicos.
 


3. Como ajudar a manter a higiene do doente?




É normal o doente deixar de reconhecer a necessidade de tomar banho, de lavar os dentes, etc. Em suma, recusar cuidar da sua higiene pessoal e da sua higiene oral.
  • Não faça disso um “bicho de sete cabeças”. Se for possível, aguarde um pouco, pode ser que mude de disposição;
  • Simplifique a tarefa: tenha sempre em ordem e à mão as coisas que são necessárias, como sabão, sabonete ou espuma, toalhas, etc.;
  • Se o banho é de imersão, verifique a temperatura da água;
  • Instale pegas e tapetes que evitem escorregar dentro e fora da banheira. Há bancos e cadeiras adaptáveis à banheira, assim como outros dispositivos de apoio e ajuda que podem ser muito úteis;
  • Se o doente preferir tomar duche, deixe-o. O melhor é procurar manter a rotina a que a pessoa estava habituada;
  • Se o doente recusar mesmo tomar banho, então tente a lavagem parcial;
  • Aplique, se possível, cremes ou pomadas adequadas para evitar escaras.   


4. Como ajudar o doente a vestir-se?      


A certa altura o doente vai ficar embaraçado sobre o que vestir ou, eventualmente, recusar-se a vestir.
Para o ajudar:



  • Simplifique o mais possível a roupa a usar:



  • Evite laços, botões, fechos de correr (substitua-os por velcro), sapatos com atacadores, etc.;







    • Prepare as peças de roupa pela ordem que devem ser vestidas;

    • Procure que a pessoa se conserve bem vestida e elogie o seu bom aspecto;
    • Enquanto o doente tiver autonomia, deixe-o actuar conforme ainda pode.  



    5. Como ajudar o doente a alimentar-se?


    • Sente o doente com o tronco bem direito e a cabeça firme;
    • Se necessário, ponha-lhe um grande guardanapo só para comer;
    • Não tagarele com o doente durante a refeição;
    • Aguarde que a boca esteja vazia para fazer alguma pergunta;
    • Dê-lhe tempo para comer tranquilamente e não o contrarie se ele quiser comer à mão;
    • Dê-lhe bocados pequenos de alimentos sólidos; por vezes, o doente poderá preferir alimentos passados ou batidos;
    • Faça-o mastigar bem e assegure-se de que a boca permanece fechada durante a mastigação e a deglutição. Verifique se há restos de alimentos na boca;
    • Pouse-lhe a chávena ou o copo, depois de cada gole, fazendo uma pausa. Note que dar-lhe de beber é muitas vezes difícil;
    • Deixe-o deglutir uma segunda vez, se alguns alimentos ainda estiverem na boca;
    • Lave-lhe cuidadosamente a boca depois de cada refeição para evitar que restos de alimentos passem para os pulmões. Com uma gaze húmida, limpe-lhe o interior das faces. Use uma pasta dentífrica infantil;
    • Deixe o doente sentado durante 20 minutos após a refeição.


    6. O que fazer quando o doente se mostra agressivo?      

    Em certas fases da doença é normal que o doente se torne agressivo. Sente-se incapaz de realizar tarefas simples (vestir-se, lavar-se, alimentar-se), reconhece que está a perder a independência, a autonomia e a privacidade, o que é muito frustrante.
    A agressividade pode manifestar-se de diversas formas, tais como ameaças verbais, destruição de objectos que estejam próximos ou mesmo violência física.
    Como deve reagir:

    • Se possível, procure compreender o que originou a reacção agressiva. Não deve partir do princípio que o doente o quer agredir ou ofender pessoalmente;
    • Evite discutir, ralhar ou fazer qualquer coisa que se assemelhe a um castigo. Não force contactos físicos e deixe-lhe bastante espaço livre;
    • Procure manter-se calmo, não manifeste ansiedade, medo ou susto. Fale calma e tranquilamente e procure desviar a atenção do doente para qualquer outra coisa.
           Não tente lidar com tudo sozinho. Pode deprimir-se ou esgotar-se. Procure ajuda e aconselhamento médico se não conseguir lidar com a situação.




    Para saber mais, visite:

    Associação Portuguesa de Alzheimer


       



    Tratamento com células estaminais da doença de Alzheimer

           Não se conhece a causa do Alzheimer, embora os pacientes com esta doença demonstrem alterações microscópicas típicas: Depósitos extracelulares de proteínas, chamadas placas amilóides, e agregações de proteínas fibrosas intracelulares, chamadas laminárias neurofibrilares. É quase impossível curar o Alzheimer porque as células nervosas mortas não podem regenerar.



    O tratamento da doença de Alzheimer

    Em primeiro lugar as células estaminais são extraídas da medula óssea do paciente, do osso da anca (crista ilíaca), sendo depois novamente transplantadas para o corpo alguns dias depois. Antes do transplante das células, a medula óssea é processada em laboratório, onde é controlada a quantidade e a qualidade das células estaminais.
          Estas células estaminais transplantadas têm a capacidade de se transformarem em células novas, rejuvenescendo ou substituindo o tecido e/ou nervos danificados.
    O objectivo do tratamento é atrasar ou deter o avanços dos sintomas da doença de Alzheimer.

    Custo


    O custo de um tratamento de células estaminais ronda os 8.000 Euros. Sobre anestesia local, as suas células estaminais são injectadas directamente no líquido cefalorraquidiano via uma punção lombar.

    Onde se procede a esta intervenção?

    No centro XCell-Center, localizado em Colónia (Alemanha), no Instituto de Medicina Regenerativa do Hospital Eduardus. Estas instalações privadas foram equipadas com equipamentos médicos de última geração, assim como com um design interior moderno e agradável.

    Mais informação em http://pt.xcell-center.com

        http://pt.xcell-center.com/tratamentos/doencas-tratadas/alzheimer.aspx?gclid=COvq4f7wqqYCFYEOfAodJ2a4kg

    Tratamento não farmacologico na doença de alzheimer

          O tratamento não farmacológico engloba uma variedade de técnicas que devem ser utilizadas consoante a evolução da doença, ou seja o tratamento não farmacológico será orientado de forma diferente ao longo das várias fases da doença.
          Falar de reabilitação na doença de Alzheimer não parece que seja sensato, visto que reabilitação signifia regeneração. Ora, a doença de Alzheimer é uma demência degenerativa e por isso impossível de ser reversível. Em todo o caso podemos falar de habilitação, ou seja, perparar o doente e os seus familiares para a doença, no sentido de proporcionar uma melhor qualidade de vida a ambos, modificando comportamentos e padrões de vida desadaptativos ao nível da vida social, profissional e emocional. É também importante trabalhar os aspectos cognitivos do doente, utilizando estratégias distintas em função do estado específico do doente, para que a evolução da doença seja mais lenta e para que o doente aprenda a lidar com as suas dificuldades inerentes a uma deterioração das funções cognitivas.

           Adaptação do ambiente:Em primeiro lugar, deve haver uma adaptação do ambiente onde o doente vive, às suas dificuldades. Sinalizações no chão ou nas paredes, desobstrução das passagens, etc.

          Trabalhar aspectos emocionais:O doente deverá ter apoio psicoterapêutico no sentido de minimizar o sofrimento causado pela síndrome depressiva ou pelas perturbações de ansiedade, típico da fase inicial da doença, em que o doente sente perder o controlo das situações e o medo do futuro. Esta é uma fase em que o doente ainda tem consciência da sua situação e por isso devem ser trabalhados os sentimentos e emoções do doente relacionados com o seu problema. O objectivo terapêutico deve ser o de estimular a auto-estima do doente, de reduzir os sentimentos de ansiedade e depressão, ajuda-lo a ter mais autonomia e a evitar a perda de controlo.
      As técnicas cognitivo-comportamentais, como as estratégias de gestão de stress e reestruturação cognitiva, podem ser úteis, na medida em que podem reduzir a ansiedade e o medo face ao futuro. As técnicas de relaxamento também podem ser eficazes para melhorar a qualidade do sono que é frequentemente alterada na doença de Alzheimer e as perturbações da ansiedade em geral.
          Estas técnicas podem e devem também ser aplicadas aos familiares do doente, que também estão a viver momentos de sofrimento, nomeadamente sentimentos depressivos e ansiosos.

           Trabalhar os aspectos cognitivos: A terapia deve também ajudar o doente a habilitar a sua memória utilizando métodos específicos, tais como utilização de agendas adaptadas ao doente e outras coisas práticas que o ajudem na sua vida quotidiana.

           Outras técnicas de habilitação cognitiva, consistem em utilizar exercícios que permitam “desenvolver” a linguagem, a memória, a atenção-concentração, a leitura, a escrita, a orientação e a coordenação motora.
    Portanto, incentivar a recreação e o exercício de capacidades cognitivas, numa fase inicial, podem ser factores estimulantes.




           Portanto, a terapia ocupacional, na intervenção face a estas questões e a actividades da rotina diária, como a alimentação, por exemplo, é determinante nesta vertente.       
       Também a fisioterapia e a neuroestimulação desempenham papéis fundamentais, intervindo junto da estimulação física, sensorial e cognitiva, tentado retardar o mais possível a perda das capacidades relacionados com esta doença.





       http://www.psicologia.no.comunidades.net/index.php?pagina=1106222449
       http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/TL0032.PDF
       http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/TL0032.PDF

    terça-feira, 30 de novembro de 2010

    Prevenção






           Todos os estudos de medidas para prevenir ou atrasar os efeitos do Alzheimer são frequentemente infrutíferos. Hoje em dia, não parecem existir provas para acreditar que qualquer medida de prevenção é definitivamente bem sucedida contra o Alzheimer. No entanto, estudos indicam relações entre factores alteráveis como dietas, risco cardiovascular, uso de produtos farmacêuticos ou actividades intelectuais e a probabilidade de desenvolvimento de Alzheimer da população. Mas só mais pesquisa, incluídos testes clínicos, revelarão se, de facto, esses factores podem ajudar a prevenir o Alzheimer.
           A inclusão de fruta e vegetais, pão, trigo e outros cereais, azeite, peixe, e vinho tinto, podem reduzir o risco de Alzheimer. Algumas vitaminas como a B12, B3, C ou a B9 foram relacionadas em estudos ao menor risco de Alzheimer, embora outros estudos indiquem que essas não têm nenhum efeito significativo no início ou desenvolvimento da doença e podem ter efeitos secundários. Algumas especiarias como a curcumina e o açafrão mostraram sucesso na prevenção da degeneração cerebral em ratos de laboratório.
           O risco cardiovascular, derivado de colesterol alto, hipertensão, diabetes e o tabaco, está associado com maior risco de desenvolvimento da doença, e as estatinas (fármacos para fazer descer o colesterol) não tiveram sucesso em prevenir ou melhorar as condições do paciente durante o desenvolvimento da doença. No entanto, o uso a longo prazo de anti-inflamatórios não-esteroides (AINEs) está também associado à menor probabilidade de desenvolvimento de Alzheimer em alguns indivíduos. Já não se acredita que outros tratamentos farmacêuticos, como substituição de hormonas femininas, previnam a doença.   
           Em 2007, estudo aprofundado concluiu que havia provas inconsistentes e pouco convincentes de que o ginkgo tenha algum efeito positivo em reduzir a probabilidade de ocorrência do Mal de Alzheimer.
           Actividades intelectuais como ler, escrever com a mão esquerda (ao contrário), disputar jogos de tabuleiro (xadrez, damas, etc.), completar palavras cruzadas, tocar instrumentos musicais, ou socialização regular também podem atrasar o início ou a gravidade do Alzheimer. Outros estudos mostraram que muita exposição a campos magnéticos e trabalho com metais, especialmente alumínio, aumenta o risco de Alzheimer. A credibilidade de alguns desses estudos tem sido posta em causa até porque outros estudos não encontraram a mínima relação entre as questões ambientais e o desenvolvimento de Alzheimer.   

     http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/neurology/1855357-exercitar-c%C3%A9rebro-prevenir-alzheimer/   

    Tratamento Farmacológico para Alzheimer


           Infelizmente ainda não há cura para a DA; portanto, o principal objectivo do tratamento é minimizar os danos e a progressão da doença. Como a DA é uma doença que se manifesta por alterações do comportamento e afecta o cérebro de idosos, as especialidades médicas que geralmente tratam de indivíduos com DA são a psiquiatria, a neurologia e a geriatria.

           Faz parte do tratamento a presença de cuidadores, que devem ser adequadamente orientados sobre como lidar com alguém com a DA e sobre mudanças ambientais que devem ou não ser feitas. O trabalho do cuidador é muito cansativo, pois há um grande esforço físico e emocional. O ideal é que mais de um profissional, ou familiar, assumam esta responsabilidade, para o estabelecimento de turnos de repouso. Essas orientações buscam proporcionar o máximo de segurança e a melhor qualidade de vida possível para os pacientes e seus cuidadores.
        
           O tratamento da doença de Alzheimer,disponível atualmente, permite-nos basear a estratégia terapêutica em três pilares: retardar a evolução, tratar os sintomas e as alterações de comportamento.
            A acetilcolina é o neurotransmissor mais importante na comunicação interneuronal sendo a substância mais importante no mecanismo da memória e do aprendizado. É a quantidade (concentração) desse neurotransmissor , durante a sinapse, que vai permitir a fixação da informação, aprender coisas novas, resgatar informações aprendidas além de outras actividades intelectuais. 

            A terapia colinérgica é a mais utilizada podendo inclusive melhorar efectivamente a cognição e a funcionalidade em um grupo restrito de pacientes , cerca de 20 a 30%. Alguns autores propõem que essa forma de tratamento deve ser iniciada logo que os primeiros sintomas apareçam, mesmo que o processo demencial ainda não esteja completamente instalado retardando o curso natural da enfermidade.

    Terapia Colinérgica da doença de Alzheimer

           O fundamento da hipótese colinérgica está relacionado à capacidade de fármacos potencializadores da função colinérgica central induzirem melhora do perfil cognitivo e, também, de alguns efeitos comportamentais oriundos pela doença. Várias alternativas terapêuticas foram avaliadas no intuito de corrigir o déficit colinérgico em portadores de DA. Algumas estratégias inicialmente empregadas envolveram a utilização ou substituição de precursores de ACh, e.g. colina ou lecitina, as quais entretanto não se mostraram eficientes no incremento da actividade colinérgica central. Outros estudos investigaram o uso de inibidores de acetilcolinesterase (AChE) que reduzam a hidrólise de AChE aumentando, consequentemente, seu tempo de vida-média, e.g. fisostigmina. Recentemente, têm sido exploradas abordagens terapêuticas envolvendo agonistas específicos de receptores muscarínicos (M1) e nicotínicos ou antagonistas muscarínicos M2. Os avanços obtidos na compreensão da evolução e das razões moleculares da génese de DA têm demonstrado que o uso de inibidores de AChE deve ser a forma mais eficiente de controle da evolução da doença.
           Outra abordagem terapêutica para DA é o desenvolvimento de agonistas directos de receptores muscarínicos pós-sinápticos M1 (Figura 2). A estimulação destes receptores demonstrou efeitos de aumento da cognição em animais. Entretanto, apesar dos esforços no desenvolvimento de ligantes agonistas de receptores M1, muitos dos compostos testados mostraram baixa selectividade, além de vários efeitos colaterais devidos à ativação de iso-receptores muscarínicos M3 nos intestinos, bexiga e pulmão (Figura 2). Agonistas de receptores M1 não-seletivos podem, também, interagir com receptores M4 e M5 no SNC, com consequências ainda desconhecidas. Alternativamente, dados farmacológicos em modelos animais demonstraram que o bloqueio dos auto-receptores M2 pós-sinápticos acarreta o aumento dos níveis de ACh, e a consequente melhora do déficit cognitivo. 


           A observação inicial de que os antagonistas muscarínicos tipo escopolamina produziam déficits na memória de curta duração levou à proposta de que o déficit colinérgico na DA era predominantemente de natureza muscarínica. Entretanto, este ponto de vista foi alterado por uma série de evidências, incluindo estudos autoradiográficos e histoquímicos de autópsia de tecido cerebral, além de estudos em imagens cerebrais em pacientes, que demonstraram a perda específica de receptores nicotínicos em maior extensão que de muscarínicos na DA.
           Atualmente, existem muitas evidências indicando que substâncias moduladoras de receptores nicotínicos afetam o aprendizado e a memória. A nicotina e outros agonistas nicotínicos podem melhorar as funções cognitiva e psicomotora, enquanto que antagonistas nicotínicos causam deficiência na cognição. Além disso, a incidência da DA em fumantes é menor que em não-fumantes, o que pode se relacionar ao aumento dos níveis de expressão dos receptores nicotínicos da ACh (nAChRs) observados no cérebro de fumantes. Assim sendo, moduladores nicotínicos podem apresentar efeitos agudos e crónicos na função cognitiva, dentre os quais pode-se incluir a neuroproteção.
           Os receptores nicotínicos neuronais (nAChR) são expressos sob vários subtipos nos mamíferos, sendo que os subtipos a4b2 e a7 são os mais proeminentes e estão presentes em regiões pós-, pré-, peri e extrasinápticas. Os nAChR a7 exercem funções pouco diferenciadas daquelas dos subtipos a4b2, com maior permeabilidade para iões Ca++, dessensibilização muito mais rápida e diferente perfil farmacológico, o qual inclui ativação por colina (Ch) e bloqueio pela a-bungarotoxina (uma toxina de cobra). Devido a sua sensibilidade à Ch, os receptores nicotínicos a7 podem ser quimicamente excitados mesmo após o agonista natural, i.e. ACh, ter sido hidrolisado pela AChE. Além disso, devido a sua alta permeabilidade a iões Ca++, a activação dos receptores a7 pode produzir respostas metabotrópicas nas células excitadas, incluindo a libertação de transmissores controlada por Ca++ e estimulação da transcripção genética e biossíntese proteica.
            Actualmente, há duas estratégias principais sendo aplicadas para equilibrar o déficit colinérgico em portadores de DA: inibição da degradação da ACh e administração de agonistas de receptores nicotínicos (Figura 3). Os fármacos inibidores de acetilcolinesterase têm vindo a ser a alternativa terapêutica mais comumente empregada por apresentarem melhores resultados no controle da doença sem, entretanto, serem capazes de impedir sua progressão em nenhum dos seus níveis.


         


    Fármacos comerciais para o tratamento da DA

     - Donepezil  
    (1, Aricept®);

     - Rivastigmina  
    (2, Exelon®);

     -Galantamina 
    (3, Reminyl®). 

           


       
          


    Dentre estes, as substâncias 1, 2 são inibidores reversíveis da AChE, sendo que a galantamina (3) é um produto natural, recentemente aprovado pelo FDA, que está servindo de protótipo para desenvolvimento de novos fármacos anticolinesterásicos.

     Antagonistas não competitivo de receptor NMDA do glutamato:


    - Memantina


    Acerca dos fármacos acima descritos:

    Acerca dos Fármacos descritos:

    DONEPEZIL
    RIVASTIGMINA
    GALANTAMINA
    Selectividade
    Ach E
    Ach E e Buch E
    Ach E
    Metabolismo
    Hepático
    Não hepático
    Hepático
    Dose (diária)
    5-10 mg
    6-12 mg
    16-32 mg
    Frequência/dia
    1
    2
    2
    Hepatotoxicidade
    Não
    Não
    Não
    Interacções Medicamentosas
    ++
    +
    Possível
    Indicações
    Fases Ligeira-Moderada
    Fases Ligeira-Moderada
    Fases Ligeira-Moderada




    Memantadina

    Sem metabolização hepática
    Excreção renal
    Contra-indicação: Insuficiência Renal Grave
    Dose (diária): 10-20 mg
    Frequencia/dia: 2
    Indicações: Fase Moderada- Grave

    http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-60832005000300006&script=sci_arttext&tlng=es




       http://www.alzheimermed.com.br/m3.asp?cod_pagina=1029


    Outras terapias Farmacológicas
    Muitos estudos sugerem haver melhoras em pacientes deprimidos com doença de Alzheimer quando tratados com anti-depressivos, e ainda mais que tal melhora pode ocorrer mesmo que o quadro depressivo não esteja claramente definido.
    Este é um dado muito importante e justifica a ênfase do tratamento psico-farmacológico para o paciente de Alzheimer, principalmente se considerarmos que, de modo geral, a depressão na doença de Alzheimer tende a responder bem ás medicações anti-depressivas. Mas os candidatos ao tratamento anti-depressivo devem ser minuciosamente avaliados pois, ao lado dos benefícios dos anti depressivos, muitos problemas de conduta na doença de Alzheimer podem ser melhor conduzidos com um importante apoio de mudanças ambientais e sem esses medicamentos.
    Para os pacientes com doença de Alzheimer, os anti depressivos inibidores Selectivos de Receptação de Serotonina (ISRS) são, provavelmente a primeira opção de tratamento farmacológico. Essa conduta deve ser imediatamente reavaliada se por vezes, esses medicamentos produzirem um
    certo parkinsionismo apático, bem capaz de piorar a depressão e prejudicar o apetite.
    Os ISRS podem melhorar múltiplos sintomas da doença de Alzheimer, incluindo a irritabilidade,
    inquietude, ansiedade, medos e episódios de confusão. Alem da sua reconhecida tolerabilidade, o seu
    uso tem certo apoio teórico no papel que se atribui à serotonina na doença de Alzheimer.
    A Fluoxetina por tender a ser uma substância activadora, deve ser prescrita aos pacientes mais apáticos e pela manhã. Esse ISRS tem maior tendência de causar anorexia e perda de peso, um efeito indesejável e potencialmente importante se considerarmos a tendência natural dos pacientes com doença de Alzheimer a perder peso.
    A Paroxetina deve ser preferida em paciente com ansiedade mais proeminente devido ao seu efeito ansiolítico, alem de depressivo. Entre os anti depressivos atípicos, aqueles com acção fundamental de agonistas adrenergicos, temos a Reboxetina , cujo perfil clínico o torna muito estimulante, pode ser útil em pacientes apáticos. Também a Mirtazapina, outro anti-depressivo atípico, pode ser usada selectivamente por causa do seu efeito anti-náusea e estimulante do apetite.
    Actualmente não têm sido recomendados os anti-depressivos triciclicos para idosos. Alem deles poderem piorar os deficits cognitivos, também podem provocar hipotensão ortostática e estranheza da consciência. A hipotensão ortostática é potencialmente perigosa para os idosos considerando o risco de quedas.
    Apesar disso, alguns triciclicos, como é o caso da Amitriptilina e da Nortriptilina, podem ser usados na doença de Alzheimer devido aos seus efeitos sedativo e anti-depressivo.




    DROGAS EM TESTE
    AMPALEX

    FDA: FASE II
    O glutamato é um aminoácido liberado pelos neurônios com propriedades excitatórias. Fixa-se em lugares específicos nos neurônios, receptores AMPA (alpha-amino2,3-dihidro-5methyl3-oxo-4-ácido isoxazolepropanóico). A estimulação dos receptores excitatórios neuronais é um grande passo na formação da memória. A droga modularia os receptores AMPA. Estudos preliminares demonstraram melhora cognitiva em idosos sem demência.

    ALZHEMED

    FDA: FASE III

    Objetivo: Evitar a formação e o depósito de amilóide.


    ATORVASTATIN (LÍPITOR)

    FDA:FASE II/IIa/IIb

    Objetivo: Evitar a formação e o depósito de amilóide.


    BETA & GAMA - Secretase-Inibidores

    FDA: FASE pré- Clínica
    Objetivo: São duas proteases que fracionam o Precursor da Proteína Amilóide. Diminuir a ação dessas enzimas diminuiria a produção amilóide e retardaria a evolução da doença.


    CLIOQUINOL (iodochlorhydroxyquin)

    FDA: FASE II/IIa/IIb
    Objetivo: inibe os íons Zinco e Cobre teoricamente diminuindo a produção de beta A4.


    DAPSONE (AVLOSULFON)

    FDA: FASE  II/IIa/IIb

    Objetivo: ação antiinflamatória. Diminuiria a progressão da doença.


    ESTRÓGENO (PREMARIN)

    FDA: FASE III
    Objetivo: retardar o início da doença.

    HUPERZINE- A – Não regulada pelo FDA – Erva Chinesa
    Objetivo: Inibidor natural da acetilcolinesterase, mais potente que o tacrine e o donepesil. Além de melhorar a cognição teria efeito neuroprotetor.


    IBUPROFEN (MOTRIN,ADVIL,NUPRIN)

    FDA: FASE III
    Objetivo: Prevenir ou retardar o início da doença diminuindo o processo inflamatório cerebral relacionado com a formação das placas neuríticas.


    LEUPROLIDE

    FDA: FASE II/IIa/IIb
    Objetivo: Melhoraria a cognição e diminuiria a progressão da doença. Modula a testosterona e o estrógeno que estariam relacionados com a formação da proteína TAU e da beta-amilóide A4. Aprovado para o tratamento de câncer de próstata.



    MELATONINA- Não regulada pelo FDA – Proibida no Brasil

    MILAMELINE –(CI 979)
    FDA:FASE   II/IIa/IIb
    Objetivo: Agonista muscarínico. Melhoraria a cognição. Parece ser bem tolerado.


    MKC-231

    FDA: FASE II/IIa/IIb
    Objetivo: Aumenta a concentração de colina e da acetilcolina liberada



    NAPROXEN (NAPROSYN, ALEVE, ANAPROX)

    FDA: FASE III
    Objetivo: ação antiinflamatória


    NEFIRACETAN

    FDA: FASE II/IIa/IIb
    Objetivo: ativador colinérgico. Aumentaria a cognição.

    NEOTROFIN ( AIT – 082 )

    FDA: FASE : II/IIa/IIb

    Objetivo: agente nootrópico. Melhoria global da cognição.


    NS2330

    FDA: FASE: II/IIa/IIb
    Objetivo: aumentar a ação da acetilcolina, da noradrenalina e da dopamina.


    PHENSERINE

    FDA: FASE: II/IIa/IIb

    Objetivo: Inibidor da acetilcolinesterase , inibindo a formação do Precursor da Proteína Amilóide.


    ROFECOXIB (VIOXX) - ESTUDO DESCONTINUADO OUT/2004 
    FDA: FASE:III

    Objetivo: ação antiinflamatória inibindo a formação das placas neuríticas.


    ESTATINAS

    FDA: FASE: II/IIa/IIb
    Objetivo: Alterar o metabolismo do Precursor da Proteína Beta amilóide reduzindo a formação da A4 . Também testa a ação antiinflamatória, reduz a oxidação das lipoproteínas atenuando o dano celular causado pelo “stress oxidativo”.


    VALPROATO (DEPAKENE , ÁCIDO VALPRÓICO)

    FDA: FASE:III
    Objetivo: droga anticonvulsivante. Testa sua eficácia no controle da agitação em pacientes com doença de Alzheimer